Camarão
Doenças

Síndrome da Mancha Branca

A produção de camarões enfrenta inúmeros desafios, entre os quais se destacam as doenças que podem comprometer a sustentabilidade do setor.

A produção de camarões enfrenta inúmeros desafios, entre os quais se destacam as doenças que podem comprometer a sustentabilidade do setor. Uma das mais preocupantes é a Síndrome da Mancha Branca (SMB), ou White Spot Syndrome (WSS), causada pelo vírus da Síndrome da Mancha Branca (WSSV). Popularmente conhecida como mancha branca, essa doença, apesar de não representar qualquer risco à saúde humana, pode causar enormes prejuízos econômicos.

O WSSV, pertencente ao gênero Whispovirus da família Nimaviridae, é um vírus com alta capacidade de infecção, afetando uma ampla gama de hospedeiros, incluindo diversos crustáceos como camarões, lagostas e copépodos, além de larvas de insetos. Especificamente em camarões peneídeos, o vírus pode ser transmitido através da água ou de fêmeas infectadas para os ovos, sendo identificado em todas as fases de crescimento dos camarões.

A característica mais marcante da Síndrome da Mancha Branca é o aparecimento de manchas brancas, de aproximadamente 2,0 mm de diâmetro, na carapaça e no exoesqueleto dos camarões infectados. Essas manchas são formadas devido ao depósito de sais de cálcio no epitélio cuticular, resultado da infecção viral. Outros sintomas incluem a redução do apetite, letargia, deslocamento na cutícula e presença de coloração avermelhada semelhante à causada por bacteremias de vibrioses.

Mancha branca
Camarão com cefalotórax soltando-se do corpo.

A prevenção é a principal estratégia de combate ao WSSV, já que não existe vacina ou tratamento eficaz contra a doença. Crustáceos, como os camarões, não possuem resposta imune humoral, o que dificulta o combate à infecção. Por isso, a implementação de medidas rigorosas de biossegurança, monitoramento regular e controle de qualidade da água são essenciais para minimizar os riscos.

O diagnóstico precoce do WSSV é crucial para evitar grandes perdas na produção. Técnicas moleculares, como a PCR, são altamente recomendadas por sua rapidez e precisão na detecção do vírus, superando outros métodos de diagnóstico.

Para prevenir a contaminação, é vital adotar práticas rigorosas, como a secagem prolongada dos viveiros, o uso de cal virgem e iodo na preparação dos viveiros, e a redução da densidade populacional dos camarões. A alimentação também deve ser cuidadosamente monitorada, garantindo a oferta de ração e alimentos de qualidade, além da utilização de imunoestimulantes e suplementos nutricionais com eficácia comprovada.

Outras medidas preventivas incluem a recirculação da água, sempre que possível, o descarte adequado de animais infectados, e a limpeza rigorosa das tarrafas com água clorada antes de sua utilização em diferentes viveiros. Manter uma vigilância constante sobre a saúde dos camarões é fundamental para detectar precocemente qualquer sinal de infecção e agir rapidamente para controlar a disseminação da doença.

A Síndrome da Mancha Branca é uma ameaça séria à carcinicultura, mas com as medidas adequadas, é possível reduzir significativamente os impactos dessa doença devastadora, garantindo a continuidade e a sustentabilidade da produção de camarões.